A Cerca de mim...

Claudia Lins

"Incontrolavelmente marcamos a vida e ela em oposição nos marca. São tantas marcas que acumulamos, que as chamamos de experiência."

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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Tratado de como se colocar no lugar do outro.



A arte de se colocar no lugar do outro, ou seja, ser uma pessoa empática, é um passo além de ser simpático e carismático. É ser um distribuidor espontâneo de sabedoria e da arte de surpreender. É ser um transferidor do capital das experiências.

Os empáticos são poetas da vida, que podem não escrever poesias, mas vivem sua existência como se fosse uma poesia. Os empáticos são os pais, os amantes, os filhos, os amigos inesquecíveis e insubstituíveis. Eles fazem total diferença no tecido social.

Os empáticos são capazes de reciclar o pessimismo, a sisudez e superam a necessidade neurótica de estar acima dos outros. São pais cativantes, filhos compreensivos, professores marcantes, cônjuges que irrigam o afeto, executivos que libertam a criatividade dos seus liderados. São ecologistas do meio ambiente emocional, criam um microclima que impera a serenidade e não as disputas. Tal como os carismáticos, não perdem a oportunidade de expandir ou realçar as características saudáveis dos seus íntimos, mesmo as que aparecem momentânea e superficialmente.

Os empáticos recolhem as armas do pensamento. São lentos para condenar e rápidos para compreender. São inteligentes, têm a consciência das várias distorções pelo estado emocional, social e intelectual. Como propulsores da maturidade, eles sabem que a verdade é um fim inatingível.

Se 10% da população fosse simultaneamente simpática, carismática e empática, a humanidade seria outra. Teríamos mais museus e menos prisões, mais jardins e menos fábricas de armas, mais longevidade e menos homicídios e suicídios, mais abraços e menos acusações.

 A empatia no perdão

Ser empático é saber entender a falha do outro, deixar as amarras da mágoa de lado e compreender que somos imperfeitos. Os empáticos são mentes de rara inteligência, sensibilidade e humildade. Seu objetivo não é ganhar as discussões, mas conquistar as pessoas. São tão sábios que mesmo quando o mundo desaba sobre si estão ensinando a arte de pensar.

Os empáticos não têm a necessidade neurótica de estar sempre certos. São capazes de perguntar: “Onde foi que eu machuquei você e não soube?”. São tão surpreendentes que não têm medo de pedir desculpas nem de dizer: “Eu amo você, dê-me uma nova chance”.

Muitas celebridades, políticos, empresários, intelectuais, líderes religiosos se preocupam primeiramente em preservar sua imagem social e não em cativar e contribuir com as pessoas. Os que não são empáticos nunca abrem o portfólio de sua emoção, não descortinam sua dor, seus tropeços, suas angústias e suas fragilidades. Eles se escondem atrás de seus status social. Sofrem veladamente e comprometem sua qualidade de vida. Definitivamente não se amam. Não são empáticos nem para si nem para os outros. Nada é tão tolo quanto a ilusão da imagem social, o brilho dos holofotes da mídia.

Seres humanos empáticos são altruístas, equilibrados e proativos. E por serem proativos saem à superfície das relações sociais e perguntam com frequência para seu parceiro: “O que posso fazer para ajudá-lo a ser mais feliz?”, “Que medos e pesadelos o assombram e eu desconheço?”, “Conte comigo sem receios, estou aqui para compreender e não para julgar”. Eles surpreendem e encantam o parceiro. Por isso, são capazes de dizer frequentemente: “Obrigado por existir!”. Dessa forma, eles se refletem no outro de forma poderosa.

Um ser humano empático é capaz de falar sobre suas lágrimas para os outros aprenderem a chorar as deles. Transfere o que o dinheiro jamais pode comprar: o capital das suas experiências, seu legado socioemocional.




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